sexta-feira, 27 de julho de 2012

Teodorico Majestade vai ao penúltimo assentamento



  
O projeto Teodorico - Circulação em Territórios de Assentamentos está próximo de sua conclusão. Neste domingo (27) à tarde, a comédia do Teatro Popular de Ilhéus (TPI) será apresentada aos assentados do Buri. Esta será a 21ª comunidade visitada e fica localizada no município de Una. “Agora falta apenas um assentamento para fecharmos esta ação gratificante e transformadora. Nosso objetivo é fazer um documentário sobre a experiência e uma exposição fotográfica”, informou o diretor do TPI, Romualdo Lisboa. 

O último assentamento visitado pelo grupo foi o Dom Helder, no distrito ilheense de Banco do Pedro. A apresentação foi no último domingo (22), sob um tamarineiro centenário. A sombra da árvore também já serviu de palco para reuniões dos moradores ao longo do processo de emissão do título de posse, há pouco mais de 12 anos. O grupo foi recebido pelos produtores locais, Bernadete Souza e Moacir Pinho, que deixaram tudo pronto para a encenação. 

Após a apresentação da comédia, Romualdo Lisboa falou um pouco a respeito do processo de criação de Teodorico Majestade, as últimas horas de um prefeito. A princípio, a peça surgiu como denúncia contra os escândalos políticos vividos em Ilhéus, em 2006, que culminou na cassação do prefeito em 2007. Mas, durante a construção do espetáculo, aprofundaram as pesquisas sobre literatura de cordel e xilogravura, influenciando a elaboração dos personagens. “No início, queríamos apenas protestar. Mas os estudos ajudaram a construir a estética da montagem”, disse o diretor. 

Romualdo ainda explicou a elaboração da técnica do Mondrongo, utilizada pelo Teatro Popular de Ilhéus. “Os personagens são figuras distorcidas. Para isso, os atores imaginam equilibrar pedrinhas imaginárias em certos pontos do corpo, como ombros, cotovelos e joelhos. Assim, vão desconstruindo, deformando a realidade, para dar espaço ao imaginário”, explicou. 

Além de apresentar a peça, o Teatro Popular de Ilhéus também ouviu um pouco da história de resistência do assentamento. Até a emissão do título de posse, houve uma série de confrontos violentos, inclusive com a polícia. “Nossa comunidade vai além da produção agrícola. Aqui, procuramos refazer um espaço cultural, de resistência negra”, afirmou Moacir Pinho. 

O bate papo entre elenco e assentados serviu para inspirar a próxima montagem do Teatro Popular de Ilhéus, 1789 – Engenho de Santana – uma revolução histórica. O espetáculo foi um dos vencedores do edital setorial de teatro do Fundo de Cultura da Bahia e seu processo de produção começa em novembro, para estrear em janeiro de 2013. O grupo contará a história da revolta dos escravos, que é considerada a primeira greve do Brasil, ocorrida no Rio do Engenho, em Ilhéus, no final do século XVIII.

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